segunda-feira, 24 de junho de 2013

Embrapa Rondônia desenvolve técnicas de proteção do solo do cafezal durante a seca


Pesquisa desenvolvida pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Embrapa Café, coordenadora do Consórcio Pesquisa Café, revela práticas que podem evitar os transtornos causados pelo período de seca em Rondônia. De maio a setembro, a seca afeta o florescimento e a produtividade do cafeeiro. A florada principal dos cafeeiros Conilon e Robusta ocorre entre o fim de julho e o início de agosto em Rondônia. Dependendo da quantidade de chuva, temperatura média mensal e do correto manejo do cafezal, pode ocorrer uma segunda e até uma terceira florada nos meses de agosto, setembro e outubro.
O artigo “Período seco chegando: hora de proteger o solo do cafezal”, de autoria dos pesquisadores Júlio Cesar Freitas Santos, Rogério Sebastião Corrêa da Costa e Francisco das Chagas Leônidas pode ser encontrado no site da Embrapa Rondônia: http://www.cpafro.embrapa.br/portal/noticia/308/
Técnicas de proteção
Segundo esses pesquisadores, uma das formas de auxiliar a uniformização da florada e aumentar a produtividade do cafezal na época da seca é manter as entrelinhas do cafezal protegidas. Isso pode ser feito com o uso de cobertura morta, uso de capins, palhadas, casca de café, roço das plantas daninhas e outros resíduos existentes na propriedade rural. A cobertura morta do solo, além de conservar a água para a lavoura e evitar as altas temperaturas no terreno, o enriquece com matéria orgânica, nutrientes e reduz a presença de plantas daninhas.
Pesquisas desenvolvidas em Rondônia e Minas Gerais mostram que a casca de café é excelente fornecedora de matéria orgânica, rica em potássio e nitrogênio. Sua utilização melhora a capacidade de retenção de umidade pelo solo, diminui a temperatura nas camadas superficiais e melhora o arejamento, além de controlar a erosão e reduzir o crescimento de plantas daninhas.
Em ensaios conduzidos na Embrapa Rondônia, a aplicação de 70 t/ha de casca de café em um cafezal recepado promoveu um aumento nos níveis foliares de fósforo, potássio, cálcio e magnésio – aumentando a produtividade do cafeeiro em até 90% (de 20 para 38 sacas/ha) em relação ao cafezal não recepado.
Em outro ensaio conduzido na Universidade Federal de Viçosa, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, pesquisadores testaram o uso da casca de café como cobertura de solo no cafezal. Observou-se uma maior retenção da água no solo, que apresentou condição mais favorável à manutenção do sistema radicular do café – principalmente após longos períodos de seca. O uso da casca de café como cobertura dobrou a quantidade de raízes da planta.
Mais uma forma de obter resíduos para cobertura do solo é o cultivo intercalar de leguminosas e/ou gramíneas nas ruas do cafezal. Elas devem ser cortadas no final do período chuvoso para a formação da cobertura morta e proteção do solo no período seco. Além de servirem como fonte de cobertura morta, as leguminosas beneficiam o solo e as plantas por meio da fixação de nitrogênio. Leguminosas como amendoim forrageiro (Arachis pintoi), desmódio (Desmodium ovalifolium), feijão de porco (Canavalia ensiformis) e mucuna (Stizolobium sp.) têm sido utilizadas com resultados satisfatórios nos cafezais em Rondônia.
Entre as gramíneas, o milheto (Pennisetum glaucum) é uma planta que se adapta bem em solo de baixa fertilidade e com déficit hídrico, tem alta capacidade de ciclagem de nutrientes, crescimento rápido e elevada produção de biomassa. Além disso, apresenta resistência às principais pragas, reduzindo a população de nematóides como Meloidogyne incógnita e javanica, Pratylenchus brachyurus e Rotylenchulus reniformis. O milheto vem sendo usado com sucesso em cafezais do Espírito Santo e de Rondônia.
O capim braquiária é outra gramínea que pode também ser utilizada, por meio do cultivo e roço nas ruas do cafezal. A vantagem é a produção de grande quantidade de material vegetal. O sistema radicular da braquiária é extremamente desenvolvido, o que ajuda na estruturação do solo, aumenta o teor de matéria orgânica e dificulta a erosão.

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