terça-feira, 25 de junho de 2013

Restrição na oferta mundial de feijão limitará importação, diz corretor

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Foto: DIVULGAÇÃO / Divulgação
Lüders incentiva o cultivo do feijão norte-americano "pinto beans", que é semelhante ao carioca
A restrição da oferta mundial de feijão deve limitar o aumento das importações do produto, mesmo com retirada, até 30 novembro, da alíquota de 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre as compras feita de países de fora do Mercosul. É o que diz o especialista na comercialização de feijão, Marcelo Eduardo Lüders, diretor da corretora paranaense Correpar, que considerou a medida acertada, para evitar a pressão dos preços do feijão sobre a inflação.

Segundo Lüders, uma das alternativas de importação é "pinto beans", produzido pelos Estados Unidos. O produto é similar ao feijão carioca, o mais consumido pelos brasileiros. Entretanto, diz ele, os importadores brasileiros terão de disputar com outros países as 100 mil toneladas disponíveis nos Estados Unidos, onde os agricultores estão segurando a safra, que foi prejudicada pelo excesso de chuvas na reta final do plantio.

– Nos últimos quinze dias, os preços do feijão subiram de 10% a 15% no mercado norte-americano – afirmou.

No caso do feijão preto, Marcelo Lüders acredita que a alta de preços deve ser amenizada entre julho e agosto, com a importação de feijão da China, que atualmente é principal fornecedora para o mercado brasileiro. Ele lembra que o feijão chinês que está chegando ao mercado é da safra velha, pois a nova começa a ser plantada a partir de setembro. O analista explica que a Argentina, que normalmente exporta 115 mil toneladas de feijão preto para o Brasil, devido aos problemas climáticos colheu neste ano a menor safra em 50 anos.

Lüders, que integra a Câmara Setorial de Feijão, vinculada ao Ministério da Agricultura, diz que há anos vem defendendo junto ao governo o incentivo ao cultivo no Brasil do feijão norte-americano "pinto beans", pois em anos de excesso de oferta poderia exportar o grão que tem boa aceitação internacional, o que contribuiria para atenuar a gangorra de preços característica do mercado brasileiro.

Os levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que houve retração na área plantada de feijão tanto na safra de verão (-7,2%), semeada no segundo semestre do ano passado, como na segunda safra, que foi plantada no primeiro trimestre deste ano (-9,5%). A projeção da Conab é de aumento no plantio da safra de inverno (+1,0%), que está sendo semeada, mas insuficiente para compensar a retração das duas outras safras. A estimativa total da Conab é de recuo de 235,2 mil hectares no plantio de feijão, para 3,026 milhões de hectares. A expectativa é de queda de 2,7% na produção, para 2,84 milhões de toneladas.

A Conab trabalha com a projeção de importação recorde de 400 mil toneladas de feijão, mas o analista Marcelo Lüders considera difícil que este volume seja atingido não só em função da oferta limitada, mas também pela incerteza em relação ao dólar, que registrou forte alta na semana passada.

– Os empacotadores terão que tomar a decisão de importação em 15 a 20 dias, para depois conviver com a incerteza do dólar durante 60 a 90 dias, até a importação do grão e a liquidação da operação.

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura explica que a inclusão do feijão preto e comum na lista de exceções da TEC implicou na retirada de outros dois produtos. O governo excluiu o "o-Diclorobenzeno", um composto orgânico utilizado para tratamento de metais, na indústria de desodorizantes e como fungicida, entre outras finalidades, e "pêssegos, inclusive as nectarinas". A alíquota do "o-Diclorobenzeno" passará de 2% para 12%. No caso de "pêssegos, inclusive as nectarinas" a TEC será de 35% e a partir de 1º de dezembro, quando o feijão deixar a lista, voltará para 55%.

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