segunda-feira, 22 de outubro de 2012



Mato Grosso quer ser grande também na avicultura

Ideia é que se mantenha o ritmo de crescimento do setor, que cresceu 318% na última década


Mato Grosso é reconhecido como o celeiro do País, por suas gigantescas produções de soja, milho, algodão e gado de corte. Mas existe um setor que está voando para alcançar o mesmo status dessas culturas e também se tornar uma atividade econômica relevante: trata-se da criação de frangos, um dos setores produtivos que mais crescem no Estado. Segundo diz Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Cuiabá, a previsão de crescimento é de 10% em 2012 sobre as 209 milhões de aves abatidas no ano passado. “Trata-se de uma estimativa modesta”, diz Celidonio, para quem não está descartado um aumento bem mais expressivo da produção.

A ideia é que se mantenha o ritmo de crescimento do setor, que cresceu 318% na última década. Em 2002, o Estado abateu apenas 55 milhões de aves. O setor está tão aquecido que no primeiro trimestre deste ano um período tradicionalmente de baixa atividade, os abates somaram 59,8 milhões de aves, 21% acima do apurado no mesmo período de 2011, e superior à média nacional e ao registrado nas demais regiões produtoras. No Brasil, o crescimento do abate no trimestre foi de 5%, alcançando 1,36 bilhão de aves. No Paraná, o maior produtor do País, o aumento foi de 8%, totalizando 371 milhões de frangos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Celidônio, a produção local de milho, utilizado na alimentação, impulsiona a avicultura em Mato Grosso.

Em receita, nos últimos dois anos, a produção de carne de frango foi o sexto principal agroproduto de Mato Grosso, atrás de soja, carne bovina, algodão, milho e da cana-de-açúcar. A previsão é de que em 2012 o Valor Bruto da Produção (VBP) da avicultura no Estado alcance R$ 900 milhões, alta de 11% ante os R$ 802 milhões no ano passado. “O setor tem potencial para subir de posição e se tornar o quinto maior VBP estadual”, diz Celidônio. “Caso mantenha a média dos últimos anos, isso pode acontecer já no ano que vem.”

Nas exportações, a posição da avicultura é ainda mais confortável, ocupando a quarta colocação em importância no Estado, atrás da soja, carne bovina e algodão. “O vigor do crescimento da avicultura deve se repetir também nesse segmento”, diz Celidônio. A expectativa para 2012 é embarcar para o Exterior um volume de carne 10% superior ao ano passado, que foi de 213 mil toneladas. Os principais clientes estão no Oriente Médio e na Ásia. Na última década, o comércio externo cresceu 960%. Em 2002, Mato Grosso exportou apenas 22,1 mil toneladas de carne de aves Atualmente, a fatia das exportações dos avicultores matogrossenses equivale a cerca de 5% das 3,7 milhões de toneladas embarcadas pelo Brasil, que renderam US$ 7,6 bilhões, em 2011.

De olho nesse desempenho, os frigoríficos de Mato Grosso, seguem ampliando suas instalações, atualmente com capacidade de abater até 250 milhões de aves por ano. Segundo João Zanata*, presidente da Associação Mato-grossense de Avicultura (Amav), em Cuiabá, hoje não há ociosidade nos frigoríficos. Para atender a demanda interna e de exportação, o atual investimento da indústria deve elevar a capacidade de abate de aves até 2015. “O Mato Grosso será cada vez mais representativo na produção de aves”, diz Zanata. “Vamos ser o número 1 do País".

domingo, 21 de outubro de 2012


Preços dos alimentos perdem força e ajudam a segurar a inflação

Queda de 0,02 ponto percentual em comparação à primeira apuração do mês (0,64%)



Os alimentos continuam no topo da lista dos grupos de despesas que mais têm subido, mas colaborou para frear o ritmo de aumentos de preços, com taxa de 1,22% ante 1,38%. Entre os itens que influenciaram o resultado estão as hortaliças e os legumes, com deflação de 4,17% ante uma queda de 2,11%.

Mais duas classes de despesas, de um total de oito pesquisadas, tiveram decréscimos: vestuário (de 1,1% para 0,78%) com as roupas, em média, 0,74% mais caras, ante o percentual de 1,18%, e despesas diversas (de 0,35% para 0,30%).

Nesse último caso, a redução no ritmo de alta está associada ao serviço religioso e funerário, cuja taxa passou de 0,85% para 0,51%.

Segundo a FGV, ocorreram aumentos nos seguintes grupos: educação, leitura e recreação (de 0,01% para 0,1%), com destaque para passagem aérea (de -0,93% para 0,74%); saúde e cuidados pessoais (de 0,51% para 0,59%), com a influência de artigos de higiene pessoal e cuidado pessoal (de 0,88% para 1,33%); comunicação (de 0,62% para 0,69%), sob o efeito da tarifa de telefone móvel (de 1,28% para 1,65%); transportes (de 0,13% para 0,16%), aumento puxado pela gasolina (de 0,08% para 0,23%); e habitação (de 0,49% para 0,51%) com a principal pressão vinda do aluguel, que ficou 0,63% mais caro, ante uma taxa de 0,46%.

Em meio ao plantio, 63% da safra de soja já está negociada

As primeiras sementes de soja da safra 2012/2013 ainda nem germinaram


Os preços futuros do bushel (27,21 quilos) ainda em alta seguem estimulando os sojicultores a continuar vendendo antecipadamente. Ontem, para vendas no mercado futuro em novembro deste ano o bushel da soja estava cotado em US$ 15,09 (R$ 30,72) e para março de 2013 o valor é de US$ 14,83 (R$ 30,19), com o dólar a R$ 2,036 (valor de ontem).

Ao contrário da soja, as vendas do milho safra 2011/2012 estabilizaram em 89,8%, avançando apenas 0,3% ante setembro deste ano em decorrência da retração de preços da saca do cereal.

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as vendas da soja futura estão avançadas em 10,6 pontos percentuais (p.p) em comparação ao período em 2011, quando 52,5% da safra 2011/2012 havia sido vendida com antecedência. Em setembro deste ano, 61,4% da produção da oleaginosa havia sido vendida. “Os preços atrativos levaram os produtores a avançar nas vendas. Contudo, agora é momento de cautela e esperar o desenvolvimento da produção da soja para comercializar o restante”, explica o analista de mercado Cleber Noronha.

As vendas do milho safra 2011/2012 atingiram apenas 89,8% das 15,58 milhões de toneladas, um avanço de apenas 0,3 p.p ante setembro e um atraso de 6,8 p.p em relação aos 96,6% da safra 2010/2011 em outubro do ano passado.

Segundo Noronha, as vendas de milho avançaram pouco devido ao preço do cereal estar recuando. O último boletim semanal do Imea revela a saca do milho cotada em média a R$ 17,55, 2% a menos que na primeira semana de outubro. Entretanto, ao comparar com outubro de 2011 os preços médios foram semelhantes.

“O milho que temos ainda para vender é o excedente da produção. As empresas já compraram o que tinham em mente, o que está levando a desvalorização do produto. Os produtores aguardam agora melhores preços para intensificar as vendas tanto para o mercado interno, que é o balizado de preço do cereal, quanto para o externo, diz o analista.


Abiove estima estoque de soja 206% maior em 2012/13

Projeção é que a produção nacional supere as 81 milhões de toneladas


Os estoques brasileiros de soja para a safra 2012/13 devem crescer 206% na comparação com a temporada 2011/12 e chegar a 3,7 milhões de toneladas, estimou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). A alta é resultado do aumento da produção e queda na importação.

A projeção é que a produção nacional supere as 81 milhões de toneladas, crescimento de 22% sobre as 66,6 milhões de toneladas da temporada 2011/12. Com uma produtividade também em alta estima-se que o Brasil reduza em pelo menos 50% suas importações de soja de outros destinos.

Os dados sobre oferta e demanda apresentados pela Abiove constam no relatório semanal divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No tocante ao esmagamento, estima-se que o país amplie em 9%, representando um acréscimo de 3,2 milhões de toneladas.

Os números da Abiove referentes aos estoques final (3.712 toneladas) e inicial (1.212 toneladas) apresentam-se, pela ordem, inferior e superior na comparação com os números estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento.

Em seu primeiro prognóstico de safra 2012/13 a estatal elencou um volume estocado em soja na ordem de 4,9 milhões de toneladas. Já o estoque inicial calculado em 945,5 mil toneladas.

No tocante à exportação, a Associação Brasileira das Indústrias projeta um embarque de 38,5 milhões de toneladas ao exterior. Enquanto isso, a Conab aponta outras 36,2 milhões de toneladas.


Brasil vai repassar US$ 20 milhões à FAO para incentivar plantio de algodão

O governo brasileiro vai repassar US$ 20,2 milhões para a Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) que serão investidos no desenvolvimento de projetos agrícolas voltados ao plantio do algodão

  

O acordo foi assinado nesta quarta-feira (17) pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva. A ideia é repassar conhecimento e experiência no setor para a organização.

Inicialmente, o objetivo do projeto é englobar países que integram o Mercosul como titulares e associados, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Haiti, com possibilidades de ampliação para o restante da América Latina e do Caribe, assim como a África Subsaariana.

A proposta é promover assistência técnica e formação relacionada ao setor do algodão em países em desenvolvimento. A ideia é identificar experiências e tecnologias, por meio de especialistas e treinamento de pessoal específico para atividades no setor, de tal forma que sejam estimulados os resultados e práticas na área.

De acordo com Patriota e Graziano, o projeto visa a colaborar com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e os objetivos da Cúpula Mundial da Alimentação. A busca por essas metas inclui o incentivo, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Também pretende reforçar as capacidades dos pequenos agricultores e suas famílias.

Pelo acordo, o projeto terá duração de quatro anos e um orçamento total de US$ 20,2 milhões, que serão repassados pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) – responsável por metade dos recursos – e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC-MRE), que fornecerá o restante. O Escritório Regional para a América Latina e o Caribe contribuirá com US$ 200 mil.

O algodão é um dos produtos agrícolas, segundo a FAO, mais importantes no mundo, pois gera emprego e renda contribuindo para a segurança alimentar e para o acesso aos cuidados de saúde, habitação, principalmente, nos países em desenvolvimento. O Brasil tem experiência no desenvolvimento de tecnologias para a cadeia produtiva do algodão.

Workshop sobre perdas pós-colheita será realizado em Sinop

As alternativas para diminuir as perdas pós-colheita serão discutidas nos dias 24 e 25 de outubro, em Sinop

A Aprosoja realiza o 1º Workshop de Perdas Pós-Colheita, no auditório da Embrapa Agrossilvipastoril, com a presença de pesquisadores, produtores rurais e empresas ligadas ao setor produtivo. 

Na programação, o pesquisador norte-americano Steve Sonka, da Universidade de Illinois, vai falar sobre a importância da atenção às perdas pós-colheita na oferta mundial de grãos.

Outro grande nome da pesquisa sobre perdas é Peter Goldsmith, que apresentará a percepção dos produtores com relação às perdas de soja e os problemas de acesso ao crédito para investimento em armazenagem.

Goldsmith está à frente da pesquisa sobre as perdas pós-colheita do Instituto ADM de Perdas Pós-Colheita, ligado à Universidade de Illinois.

 A Aprosoja é a realizadora do projeto no Brasil e os técnicos da associação e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso apresentarão os dados compilados que foram colhidos durante a safra de milho deste ano.

Ainda na programação do workshop estão debates sobre a qualidade da soja e como é feita a classificação no Brasil e nos Estados Unidos.

 Três painéis serão apresentados: perdas e projetos na colheita, no transporte e na armazenagem.

sábado, 20 de outubro de 2012



Brasil é vice-líder em produção de transgênicos

Só os Estados Unidos têm uma plantação maior: 69 milhões de hectares


O começo da história dos transgênicos no Brasil, no entanto, foi tumultuado. No início dos anos 90, produtores do sul do País iniciaram o cultivo de soja modificada vinda da Argentina, mas o assunto ainda não era regulamentado no País. A comercialização dessa soja só foi autorizada por medida provisória em 1995.

Mas, a alegria dos produtores durou pouco. Em 1998 a venda dos transgênicos foi proibida, devido a uma ação judicial do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O embargo durou até 2003, com a edição de nova MP para autorizar a comercialização.

A Lei de Biossegurança (11.105/05), aprovada pelo Congresso em 2005, representou o fim da polêmica em torno do assunto. Além de criar regras gerais sobre as pesquisas em biotecnologia no País, a lei criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que passou a ser responsável por toda regulação do setor de biotecnologia.

Desde então, o órgão já aprovou a utilização comercial de cerca de 50 organismos geneticamente modificados, dos quais 35 são plantas. Segundo o presidente da CTNBio, Flávio Finardi, as regras de liberação desses organismos no País estão entre as mais rigorosas do mundo.

Etapas do licenciamento

Ao todo, no Brasil para chegar às prateleiras, um produto transgênico tem de passar por cinco fases. Primeiro, a empresa deve submeter o projeto à aprovação da CTNBio. A comissão analisa a proposta e faz uma visita local para saber se há condições para se desenvolver o trabalho com segurança.

Aprovada a proposta, vem a fase de desenvolvimento e testes, que devem ser realizados em ambiente restrito e controlado. Se for uma planta, cabe ao Ministério da Agricultura fiscalizar o experimento. Em seguida, antes da liberação comercial, a CTNBio avalia se os dados coletados correspondem aos critério de biossegurança.

Antes da comercialização efetiva, o produto ainda será submetido a uma avaliação política. Um conselho formado por 11 ministros decide se é vantajoso ou não para o País lançar a novidade no mercado.

Agrotóxicos

Um dos produtos transgênicos mais cultivados no Brasil é a soja. Segundo a economista do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Jovir Vicente Esser, 89% da soja produzida no País é geneticamente modificada.

As plantas atualmente existentes no mercado sofreram alteração genética quase sempre com o objetivo de se tornarem mais resistentes – seja a agrotóxicos, a pragas ou às intempéries climáticas.

Mas a redução do uso de agrotóxicos possibilitada pela transgenia não vem ocorrendo no Brasil porque as ervas daninhas adquirem resistência ao herbicida usado nas plantações de transgênicos. O presidente da CTNBio, Flávio Finardi, reconhece a existência do problema, mas afirma que decorre, não da tecnologia, mas da falta de cuidado dos produtores. “Existem relatos de plantas daninhas resistentes ao mesmo tipo de herbicida. Agora, por que isso aconteceu? Porque não foi feito o rodízio de culturas.”

O engenheiro agrônomo e assessor técnico da Agricultura Familiar e Agroecologia Gabriel Biancone Fernandes sustenta, inclusive, que desde 2008, quando o Brasil passou a plantar soja transgênica em escala comercial, assumiu a triste posição de país que mais usa agrotóxico no mundo.


Tecnologias inovadoras permitem expansão da cafeicultura nas regiões de Cerrado

Embrapa Cerrados desenvolveu tecnologias inovadoras para essa região, caracterizada por estiagens prolongadas e solos de baixa fertilidade



Para cumprir o desafio de produzir café de qualidade no Cerrado brasileiro – que ocupa mais de 200 milhões de hectares, distribuídos nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Distrito Federal - a Embrapa Cerrados, com recursos do Consórcio Pesquisa Café cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, juntou esforços em projetos multidisciplinares e desenvolveu tecnologias inovadoras para essa região, caracterizada por estiagens prolongadas e solos de baixa fertilidade. A Embrapa Café e Embrapa Cerrados são Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.

Estresse hídrico - A primeira delas é a irrigação de café com estresse hídrico controlado, que veio para contradizer a ideia segundo a qual a irrigação durante o ano todo faz parte do manejo tradicional de cafeeiros no Cerrado. Essa tecnologia de manejo de água na agricultura irrigada já foi validada não só em experimentos como também em fazendas produtivas de várias regiões brasileiras. “Partimos da teoria de que as necessidades fisiológicas das plantas devem ser respeitadas, caso contrário, tem-se grande variação anual da produtividade, como bienalidade acentuada e desuniformidade na maturação dos frutos, devido à ocorrência de múltiplas floradas”, explica o pesquisador e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Guerra,

A tecnologia além de revolucionar a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garante mais produtividade, mais qualidade e menor custo, sendo alternativa para a sustentabilidade da cafeicultura no Cerrado. “A pesquisa demonstrou ser possível a aplicação de estresse hídrico (suspensão da irrigação) controlado na estação seca do ano, na época certa e com magnitude adequada, para sincronizar, uniformizar o desenvolvimento dos botões florais e, consequentemente dos frutos, o que garante um café de mais qualidade”, completa Guerra.

A nova tecnologia superou definitivamente a desconfiança por parte dos produtores, que acreditavam que, com a suspensão da irrigação durante 70 dias para submeter as plantas ao estresse hídrico moderado, os cafeeiros não cresceriam e as lavouras ficariam depauperadas. “Os cafeeiros submetidos ao estresse controlado não só cresceram mais como se apresentaram em melhores condições para a safra seguinte. É o chamado crescimento compensatório, um estímulo ao crescimento após o reinício das irrigações”, explica o pesquisador.

Segundo enfatiza Guerra, a prática do estresse hídrico controlado não custa nada mais ao produtor e ainda traz redução dos custos de água e energia, em média de 33%, economia no processo de colheita, inclusive com mão de obra, e uma visão sustentável do agronegócio tanto do ponto de vista ambiental como da competitividade. “O uso do estresse hídrico controlado para uniformização de florada do cafeeiro e, consequentemente de maturação, é um processo tecnológico que também permite a obtenção de 85% ou mais de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais, de maior valor de mercado. Além disso, disso, garante redução de 20% para 10% de grãos mal formados e de 40% na operação de máquinas. É a viabilização e a otimização da cafeicultura irrigada no Cerrado brasileiro”.

Na fazenda Lagoa do Oeste, na Bahia, a tecnologia foi validada e atualmente é uma inovação importante. De acordo com o consultor técnico, o engenheiro agrônomo Guy Carvalho, o manejo da água com o uso do estresse hídrico controlado e com o programa de monitoramento de irrigação foi testado e aprovado. "É uma quebra de paradigma. As vantagens são evidentes e fazem a diferença no bolso do produtor, tornando seu negócio mais competitivo e sustentável", destaca.

Adubação fosfatada em café
 - A irrigação controlada aliada à adubação equilibrada permitiu um retorno financeiro de até R$ 7.656,50/ha. Esse resultado foi obtido com a união de outro estudo de pesquisa também financiado pelo Consórcio Pesquisa Café e realizado pela Embrapa Cerrados: adubação fostatada em café. Da mesma forma que o estresse hídrico, essa tecnologia também não tinha amparo na literatura científica até então e representou mais uma mudança de ponto de vista. “Hoje, sabe-se que há resposta à adubação de fósforo em cafeeiros e, em geral, essa tecnologia é usada em conjunto com a irrigação, mostrando sinergia. Há também expressivo aumento de produtividade como resposta, mais energia, vigor e sanidade das plantas”, adianta Guerra.

Para ele, contribuiu para abandonar a ideia de que o cafeeiro não responde positivamente à aplicação de fósforo no solo em sua fase de produção a visão de uma nova corrente crítica que buscou repensar o sistema produtivo do cafeeiro para torná-lo mais eficiente, competitivo e sustentável. “O estudo questionou os critérios de recomendação de adubação fosfatada no cafeeiro que, por muitos anos, foi considerado uma planta que não respondia à aplicação de altas doses de fósforo. E comprovou que a adição do fósforo traz benefícios para a planta tanto em solos de média a alta fertilidade como também em solos de baixa fertilidade, como os do Cerrado, onde a planta responde com grande intensidade”, pontua.

Além disso, a nova tecnologia questionou o conceito de que a bienalidade do cafeeiro era uma questão intrínseca da planta de café e indicou que é mais uma questão de manejo, sendo possível com práticas agrícolas adequadas reduzir sua intensidade e manter uma produção mais equilibrada, com maior uniformidade na maturação, grãos vigorosos e sadios e um menor custo de produção. “É uma revolução no sistema de adubação do cafeeiro”, completa Guerra.

As pesquisas sobre o comportamento do fósforo no cafeeiro puderam ser intensificadas a partir do desenvolvimento da tecnologia do estresse hídrico controlado. “Existia uma demanda crescente por informações sobre a influência da adubação fosfatada no desenvolvimento, vigor das plantas e pegamento da florada. Além disso, existia a ideia de que o nível de fósforo observado nas análises do solo de alguma forma não representava o que realmente estava disponível para os cafeeiros. Os resultados demonstram que o ajuste nutricional é necessário também nas lavouras de sequeiro”, continua o pesquisador.

Cultivo de braquiária nas entrelinhas dos cafeeiros - Outra tecnologia que representa mudança de paradigma é o cultivo de braquiária nas entrelinhas dos cafeeiros, um casamento perfeito também realizado pelas pesquisas da Embrapa Cerrados no âmbito do Consórcio Pesquisa Café. “Braquiária e café combinam sim. A braquiária faz a ciclagem de nutrientes, notadamente o fósforo, ajudando na sua disponibilidade para as plantas e o controle de erva daninha diminuindo o requerimento de roçagem e a aplicação de herbicida. Além disso, visivelmente não prejudica a planta e potencializa a multiplicação de micorriza natural, facilitando a absorção de nutrientes, água e produzindo biomassa, o que melhora a qualidade do solo e fixa carbono da atmosfera. É uma tecnologia sustentável”, explica Guerra.

Uma peculiaridade do manejo do mato com a braquiária é que seu sistema radicular é extremamente desenvolvido ajudando na estruturação do solo e dificultando que ocorra erosão. “Cada vez que se roça a braquiária, ocorre a morte de raízes da gramínea que irão se decompor com o tempo e ajudarão a aumentar o teor de matéria orgânica no solo e sua estruturação. Por esses fatores, a braquiária tem se adaptado muito bem a esse sistema”.

Segundo o pesquisador, o incremento na adubação em caso do manejo com braquiária pode ser necessário em solos pobres e inadequadamente corrigidos. “Essa gramínea tem uma alta relação carbono/nitrogênio e decomposição lenta. Assim, os microorganismos retiram nitrogênio do solo para fazerem sua decomposição. Como os solos corrigidos de cafezais são, em geral, férteis e com teores médios a altos de matéria orgânica, não é necessário incrementar nenhuma adubação para o café, porque o estoque de nutrientes no solo suporta a decomposição da braquiária sem desequilibrar o sistema”. Guerra acrescenta que os microorganismos retiram nitrogênio do solo para decompor a braquiária, mas de forma lenta e contínua e, conforme ela vai sendo decomposta, esse nitrogênio volta para o café disponibilizado pela matéria orgânica.

Assim, a partir desses três exemplos de tecnologias desenvolvidas por instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, pode-se dizer que, apesar de haver sistemas produtivos atuais nos quais há conhecimentos considerados prontos e definitivos, como é o caso da necessidade de irrigações com alta frequência, a bienalidade na produção do café e a baixa exigência de fósforo dos cafeeiros adultos, o papel da pesquisa é buscar inovação permanente diante dos novos desafios e apontar ainda mais soluções e alternativas para a cafeicultura brasileira. “Esse é o nosso papel, indagar-se constantemente para que estejamos sempre atuais”, conclui Guerra.

Consórcio Pesquisa Café - O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café, o Programa Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Essa rede integrada de pesquisa é possível graças ao Consórcio Pesquisa Café, que reúne dezenas de instituições brasileiras de pesquisa, ensino e extensão estrategicamente localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação entre as instituições e a união de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais, que permitem elaborar projetos inovadores. A evolução da cafeicultura brasileira, ao longo dos últimos anos, comprova a importância dos trabalhos de pesquisa.

Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos quais fazem parte 355 Planos de ação.

Foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012


Manejo Integrado de Pragas promove cafeicultura sustentável

18/10/2012
Assessoria
As lavouras de cafeeiro hospedam poucas espécies de pragas, sendo que a grande maioria dos artrópodes (insetos, ácaros, aranhas, por exemplo) encontrados nas lavouras de cafeeiro são considerados benéficos, e só algumas poucas espécies podem ser consideradas como pragas. Entre essas poucas espécies de pragas, uma parte delas – como alguns ácaros, o bicho-mineiro e a broca-do-café – podem eventualmente causar prejuízos econômicos ao produtor e ainda à qualidade da bebida. Em decorrência do emprego de defensivos para controlá-los, há também prejuízos socioambientais e à saúde da população e aumento de custos na produção.
Os métodos de controle mais eficazes dessas pragas, no sentido real do termo, são os que usam os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), ou seja, aliam o manejo químico e biológico, entre outros, em prol da preservação no agroecossistema, usando defensivos como último recurso, somente no momento certo para cada praga e de forma controlada, seletivos aos artrópodes não alvos, preservando os inimigos naturais das pragas e favorecendo seu controle.
Desde a criação, em 1997, do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café (Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa), projetos têm sido conduzidos com essa visão integrada e ecológica do manejo das pragas. Reflexo disso foi a inauguração, em 2000, do Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico das Pragas e Doenças de Plantas Cultivadas – EcoCentro, sendo o café sua cultura-chave.
O EcoCentro reuniu equipe de pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, instituição participante do Consórcio, que trabalhavam há décadas com esse pensamento e ainda permitiu estabelecimento de parceria com pesquisadores de outras instituições consorciadas, como a Universidade Federal de Lavras – Ufla, o Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA e a Embrapa Café. Hoje os projetos do EcoCentro abarcam principalmente o Sul de Minas e Alto Paranaíba, regiões onde são mais relevantes as infestações por pragas como ácaros, o bicho-mineiro e a broca-do-café.
Segundo o pesquisador da Embrapa Café Mauricio Sergio Zacarias, que trabalha no EcoCentro desde 2003, esses projetos têm em comum uma visão mais abrangente do agroecossistema da lavoura e a busca de uma solução não imediatista para o problema, mas sim duradoura, de efeitos contínuos. Nessa linha, a multidisciplinaridade é fundamental. “Olhar o entorno, a propriedade e a lavoura, o lado socioeconômico, cultural e químico da questão e suas consequências. Hoje estima-se que cerca de 15% do custo da produção de café é devido aos gastos com o controle químico de pragas. Levando em consideração que o Brasil é o maior consumidor de produtos fitossanitários do mundo, a tendência em pender por essa via é forte e tardia, se pensarmos em países mais avançados socioeconomicamente. Estamos tentando fazer o contraponto, mas falta apoio para os pesquisadores da área. Trabalhamos por essa mudança de consciência”, diz.
Manejo Integrado de Pragas do Cafeeiro (MIP Café) – O pesquisador explica que o MIP tem base em pesquisas de táticas de manejo ecológico das pragas que utilizam ao máximo a ação benéfica dos inimigos naturais, pois reconhece que o próprio agroecossistema possui um complexo desses organismos benéficos que controlam pragas e doenças, reduzindo perdas econômicassem causar danos à saúde humana e ao ambiente. “No Manejo Integrado de Pragas, pode-se eventualmente vir a se dispensar totalmente o uso de produtos fitossanitários. Esse sistema é chave para a produção organomineral, ou seja, produção na qual tais produtos são dispensáveis (se diferencia da produção orgânica por utilizar o manejo racional de fertilizantes), e também no processo de transição para o sistema orgânico de produção”.
Zacarias acredita que essas formas de condução da lavoura ensinam a conviver e tolerar a presença de pragas (insetos, ácaros e plantas daninhas), doenças e danos que provocam enquanto não representam prejuízo econômico. “Essa tolerância tem o objetivo de preservar a ação do meio ambiente, principalmente dos inimigos naturais, permitindo que se tornem mais eficientes, aliado à capacidade de recuperação natural das plantas”, pondera o pesquisador.
Ácaros do cafeeiro – Entre as centenas de espécies de ácaros que vivem e convivem no agroecossistema cafeeiro, há muito mais espécies de ácaros predadores que pragas. Somente o ácaro-vermelho e o ácaro-branco podem vir a causar danos diretos e o ácaro-da-mancha-anular indiretos, por meio da transmissão de doenças.
Segundo o pesquisador da Embrapa Café Mauricio Sergio Zacarias e pesquisadores da Epamig Paulo Rebelles Reis, Rogério Antônio Silva e Júlio César de Souza, o ácaro-vermelho, ao se alimentar das folhas do cafeeiro, causa perda do brilho da folha, péssimo aspectos às plantas e até desfolhamento. São pragas típicas de períodos de seca, com estiagem prolongada. “A preservação e o aumento das espécies de ácaros predadores são importantes para a manutenção do controle biológico desses ácaros e, se necessário, o controle químico com aplicação de defensivos deve ser feito com acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas seletivos. O uso em excesso de defensivos para outras pragas ou doenças pode ocasionar a resistência e/ou ressurgência desses ácaros”, explica Rebelles.
Sobre o ácaro-da-mancha-anular, os pesquisadores afirmam ser uma espécie comum e amplamente disseminada. Aparece em todas as regiões cafeeiras do País, sendo que sua importância é devida à transmissão do vírus causador da doença virótica mancha-anular. A severidade dessa doença é maior nas áreas de Cerrado, sendo muito relevante e demandando constante vigilância na região do Alto Paranaíba de Minas Gerais. A doença se caracteriza por causar manchas em formato de anel nas folhas, ramos e frutos das plantas e consequente queda das folhas e redução na qualidade do café. “Também nessa espécie de praga percebe-se a ocorrência de inimigos naturais, como ácaros predadores. O controle químico deve ser feito somente quando necessário e nas reboleiras, característica da infestação do ácaro, e com produtos fitossanitários seletivos aos ácaros predadores, priorizando-se o Manejo Integrado dessa espécie de ácaro”, completa o pesquisador.
Já o ácaro-branco ataca folhas e ramos ou folhas novas em condições de alta umidade relativa, uma condição típica em viveiros. Sua importância reside na má formação das mudas nos viveiros.
Bicho-mineiro - É a principal e a mais disseminada praga do cafeeiro e tem esse nome por minar as folhas da planta. Tem ocorrência generalizada em Minas Gerais, tendo chegado ao Brasil junto com o café, da África. Pesquisadores afirmam que essa praga aparece principalmente em longos períodos de estiagem e baixa umidade; depois do uso excessivo de fungicidas cúpricos ou alguns inseticidas; em áreas de espaçamento muito abertas ou muito ensolaradas e onde há presença de cobertura morta, cultura intercalar ou mato nas ruas e ainda adubações e tratos insuficientes.
Há várias formas de manejo dessa praga, entre elas o cultural, com a utilização de quebra-ventos, ou arborização com leguminosas, que reduzem as infestações da praga. Segundos Reis e Souza, “o controle biológico do bicho mineiro existe naturalmente podendo ser realizado por parasitoides (pequenas vespas) e/ou predadores (vespas, marimbondos), que procuram nas lesões das folhas do cafeeiro, lagartas do bicho-mineiro para parasitar ou delas se alimentar. A eficiência dos predadores é de cerca de 70%, enquanto que a dos parasitas é de 18%. A utilização de controle químico para complementação torna-se necessária somente quando 30% (Sul de Minas) ou 20% (Triângulo mineiro) das folhas apresentarem minas intactas e com lagartas vivas”.
Estudos realizados por esses pesquisadores do Consórcio Pesquisa Café mostram que, em ataques mais severos, cerca de 60% das folhas atacadas caem e, independente do tamanho da lesão, todas as folhas atacadas tem sua eficiência fotossintética bastante reduzida. Dessa forma, dependendo da intensidade de infestação, podem ocorrer de 30 a 80% de prejuízos na produção.
Broca-do-café – De ocorrência mais generalizada no Paraná, na Zona da Mata de Minas Gerais e nas regiões de produção de Conilon, pode ser considerada atualmente a segunda principal praga da cafeicultura de arábica e a principal praga do Conilon. Juntamente com o bicho-mineiro, são consideradas as pragas-chave no Manejo Integrado de Pragas do Café (MIP Café).
A broca causa dano direto no produto final da lavoura - os frutos do cafeeiro - reduzindo a produtividade (seja por frutos caídos ou perda de peso) e a qualidade da bebida. Sem manejo adequado, a broca permanece nos frutos úmidos remanescentes da colheita, nos que ficam nas plantas ou sobre o solo, causando infestação na safra seguinte, com consequente redução do peso dos grãos, queda dos frutos e redução da qualidade do café.
Na natureza, conforme ensinam os pesquisadores do Consórcio, já existem inimigos naturais de pragas como a broca, muitos deles em estudo e testes, como a vespa-de Uganda, a vespa-da-Costa-do-Marfim, vespa-do-Togo, a formiga Crematogaster curvispinosus e os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Segundo os estudiosos, esse fato combinado a práticas de manejo ecológico se aliam na prevenção e no controle dessa praga, evitando ou mesmo diminuindo consideravelmente o uso de produtos fitossanitários nas lavouras de café.
Entre as práticas recomendadas pelos pesquisadores está o plantio dos cafezais em espaçamentos que permitam arejamento e penetração de luz para propiciar baixa umidade do ar em seu interior. A colheita de café deve ser muito bem feita, limpa, devendo ser evitado que fiquem frutos nas plantas e no chão, nos quais a broca poderá sobreviver na entressafra, principalmente se for chuvosa. Outra recomendação é que, após a colheita, caso tenham ficado muitos grãos nas plantas e no chão, se faça o “repasse” ou catação dos frutos remanescentes da colheita. É importante também, segundo os pesquisadores, monitoramento sistemático das lavouras irrigadas, pois devido à umidade têm mais facilidade de infestação.
“Mais do que a criação de um produto biológico, uma tecnologia, nós buscamos trabalhar a sustentabilidade do agroecossistema, a paisagem, com ações de prevenção e conscientização. Isso implica mudança de comportamento do agricultor na condução de seu trabalho, que precisa geralmente investir num trabalho de um a dois anos para perceber e compreender que os resultados valem a pena” ressalta Zacarias.
EcoCentro – Coordenado pelo pesquisador Paulo Rebelles Reis, tem como objetivo pesquisar e difundir princípios e práticas de controle de pragas (artrópodes e plantas daninhas) e doenças de forma ecológica. Propõe ainda o emprego de insumos e energias de forma racional para obtenção de uma rentabilidade sustentável com um mínimo de impacto ambiental. Para mais informações, acesse http://epamig.ufla.br/ecocentro/index.html. Muitas publicações (textos em revistas, circulares técnicas e artigos científicos) produzidas pelo Centro estão disponíveis em http://epamig.ufla.br/ecocentro/public.htm.
Consórcio Pesquisa Café - O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café, o Programa Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Essa rede integrada de pesquisa é possível graças ao Consórcio Pesquisa Café, que reúne dezenas de instituições brasileiras de pesquisa, ensino e extensão estrategicamente localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação entre as instituições e a união de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais, que permitem elaborar projetos inovadores. A evolução da cafeicultura brasileira, ao longo dos últimos anos, comprova a importância dos trabalhos de pesquisa.
Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos quais fazem parte 355 Planos de ação.
Foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. 

Cultura, miolos e tomates

Técnico em agricultura e zootecnia Diego Divino dos Santos

Uma ideia nova é uma nova combinação de elementos antigos. Nesta definição, que está no velho livro A Technique for Producing Ideas de James Webb Young, está tudo dito e dela decorre a resposta à pergunta "De onde vêm as ideias?".

Os elementos de uma ideia são outras ideias, dados e informação; sobre o assunto ou problema, mas também sobre o resto, a vida, o universo e tudo o mais. Para resolver de forma original e pertinente um problema, é necessário não só um conhecimento aturado do assunto específico, e que vem com o estudo, mas também um conhecimento holístico, um conhecimento sobre as outras coisas do mundo, das ciências, das artes, da vida… É necessária informação para combinar.
J.W.Y. fala num caleidoscópio, aquele brinquedo com uns cacos de vidro colorido e uns prismas que ao rodar recombina os elementos fazendo aparecer novos padrões. Se os vidros forem todos verdes, por mais que se rode, obtêm-se sempre padrões verdes que, por muito interessantes que sejam, são sempre isso mesmo, verdes - mais do mesmo. Para obter diferentes padrões, preciso de pedacitos de cores diferentes, de texturas diferentes, de mais e diferente informação. Ou seja cultura.
Mas não basta. É preciso uma cabeça especial. Peter Souter, um estimado e criativo scriptwriter com quem trabalhei, dizia que as pessoas criativas, capazes de inventar soluções novas, têm os fios trocados na cabeça, defeitos na instalação "eléctrica" que as fazem ver padrões diferentes. Em vez de o fio ligar A com A, B com B e C com C, formando três linhas direitinhas e paralelas como está convencionado, foi tudo mal ligado dando origem a hexágonos, estrelas, figuras geométricas, estranhos padrões, disrupções… O caleidoscópio, esse binóculo de prismas que desconstrói a realidade e no processo a recria, é um cérebro e os cérebros (por mais antidemocrática que a ideia seja) não nascem todos iguais. Uns são capazes de ideias ao mesmo tempo originais e pertinentes, mesmo a partir de dados insuficientes, outros (veja-se o caso da taxa social única) não. Uns têm miolos, outros não.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Uso de mananoligossacarídeos na alimentação de frangos de corte.

Autor : Jose Sidney Flemming; Freitas J.R.S. Fontoura,P; Maiorca, A; Montanhini Neto, R.; Arruda, J.S.Flemming,D.F.



Resumo
Em um estudo com 2400 frangos de corte foram avaliadas dietas com a inclusão de mananoligossacarídeos (MOS), parede celular (PC) e promotor de crescimento (olaquindox) comparativamente a uma dieta controle. A base de todas as dietas foi uma mistura milho e soja. Foi utilizado um desenho experimental completamente casualizado e os dados obtidos avaliados pelo teste de Tukey ao nível de 5% com as aves abatidas aos 42 dias. Os parametros medidos foram ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade. Concluiu-se que o uso de mananoligossacarídeos (MOS) apresentou resultados significativamente superiores as dietas contendo parede celular (PC) e a controle não diferindo contudo do uso de promotores de crescimento.
Palavras chaves: prebioticos para aves, oligossacarideos, promotor de crescimento

Introdução
Os prebióticos são produtos contendo carboidratos que tem como constituinte básico a manose e podem ser usados para reduzir a colonização por bactérias enteropatogênicas. São representados principalmente por mananoligossacarideos (MOS) e frutoligossacarídeos (FOS) resultantes de parede celular de leveduras do tipo Saccharomyces cerevisae ; atuam mantendo ou restabelecendo as condições de eubiose no tubo digestivo e consequentemente a flora microbiana normal e o equilíbrio no trato gastrointestinal (SANTIN, et al 2001).
Estes oligossacarídeos são mais frequentemente representados pelos mananoligossacarídeos (MOS) e tem a capacidade de ligarem-se à fímbria de bactérias patogênicas, favorecendo a competição exclusiva realizada pelos probióticos bem como o povoamento da mucosa intestinal por microorganismos considerados eutróficos. Os prébioticos do tipo mananoligossacarideos (MOS) podem ser utilizadas como nutrientes pelas bactérias e alguns autores atribuem aumentos na retenção de minerais e uma melhor mineralização dos ossos quando suplementados a dietas de aves (BRADLEY e SAVAGE, 1994). À medida que as bactérias eutróficas e mananoligossacarídeos (MOS) são administradas a condição de equilibrio se torna permanente impossibilitando o estabelecimento de Salmonella, E.Coli, Clostridium ,entre outros, aumentando o número de bactérias benéficas produtoras de ácido lático, mantendo a situação de eubiose (OYOFO et al, 1999).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho zootécnico de frangos de corte da data do nascimento aos 42 dias de idade, submetidos a uma dieta testemunha sem aditivos, comparada a dietas contendo diferentes oligossacarideos comparativamente a um controle negativo e um promotor de crescimento ( controle positivo).

Material e Métodos
O experimento foi realizado na granja experimental da Cooperativa Agricola Consolata Ltda. (COPACOL), localizada no municipio de Cafelândia –Pr nos meses de setembro e outubro de 2003. Baseou-se num delineamento em blocos ao acaso , com quatro tratamentos e seis repetições , sendo: (T1) ração controle, sem promotor de crescimento; (T2) ração utilizando antibiótico (olaquindox) , como promotor de crescimento; (T3) ração utilizando MOS , através do produto comercial BIO-MOS® e (T4) ração utilizando parede celular através do produto comercial PRONADY® . Foram utilizados 2400 frangos da linhagem comercial ROSS, de ambos os sexos , divididos igualmente em 24 boxes. As aves foram abatidas com 42 dias de idade.
A análise estatística dos resultados zootécnicos dos animais (pesos, ganho de peso diário, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade), obtidos ao longo do experimento por pesagens quinzenais, foram processadas pelo programa STATISTICA (versão 5.5), sendo as médias dos tratamentos, para as diferentes variáveis, comparadas através do teste de Tukey (HSD), com 95% de confiabilidade (P<0,05).

Resultados e Discussão
Os resultados de desempenho zootécnico dos animais dos animais , nas diferentes fases de ciclo de vida (criação) , bem como os dados de consumo de ração, conversão alimentar, ganho diário de peso estão demonstrados na tabela 1
Tabela 1. Resultados zootécnicos, em gramas, dos tratamentos nas diferentes fases de criação.
Os resultados de ganho de peso diário nas diferentes fases de criação estudadas demonstram que o Pronady® apresentou os piores resultados diferindo significativamente dos demais , resultados estes que se mantem para a conversão alimentar. O Bio-Mos ® entretanto, juntamente com o promotor de crescimento ( antibiótico ) apresentaram resultados significativamente melhores do que o Pronady®.
GIBSON e ROBERFROID (1995), avaliando a utilização de carboidratos não digestíveis como parede celular de plantas e leveduras, classificados como complexos de MOS ( glicomananoproteínas e em particular os mananoligossacarídeos ), constaram que carboidratos são capazes de ligarem-se à fímbria das bactérias e inibir a colonização do trato gastroinitestinal por microorganismos patógenos. Estes resultados são similares àqueles apresentados pelo uso de promotores de crescimento que também diminuem a colonização por patogenos melhorando o desempenho das aves ( MILES et al , 1989).
Os dados dos parametros zootécnicos ( ganho de peso diário, consumo de ração conversão alimentar e mortalidade ) dos tratamentos no período total do experimento, estão demonstrados na tabela 2.
Tabela 2. Resultados zootécnicos dos tratamentos no período total de experimento.
No período total do experimento (42 dias) , não foram encontradas diferenças significativas na conversão alimentar e na mortalidade. Dados de ganho de peso diário (GPD) demonstram que houve diferenças significativas para o promotor e o Bio-Mos® que apresentaram melhores resultados quando comparados ao controle e ao Pronady®. Esta situação se manteve com relação ao consumo de ração, com o Pronady®, sendo inferior aos demais e destacando-se como melhor o tratamento com promotor de crescimento . Os melhores resultados encontrados para o Bio- Mos® apesar de não se repetirem com o Pronady® possivelmente devem-se ao aumento da integridade da mucosa com redução do estresse melhorando a resposta das aves aos nutrientes da dieta pela presença de mananoligassacarideos ( CRUMPLEN et al, 1989 ; BRADLEY e SAVAGE, 1994).
O uso do promotor de crescimento demonstra melhores resultados para o GPD e CR por eliminarem os microorganismos indesejáveis que atuam no trato gastrointestinal diminuindo a absorção de nutrientes aumentando a taxa de passagem do digesta , interferindo na velocidade de renovação das celulas e espessura da mucosa intestinal (VISEK,1978; MILES et al, 1989).
Na tabela 3 estão demonstrados a evolução dos pesos médios em gramas dos diferentes tratamentos durante todo o tempo de realização do experimento.
Tabela 3. Evolução dos pesos médios, em gramas, dos tratamentos ao longo do experimento.
Não foram observadas diferenças significativas entre os resultados zootécnicos de aves alimentadas com dietas contendo MOS ou antibiótico. Comparando-se o BIO- MOS® com o Pronady®, registrou-se que o primeiro produto apresentou melhores resultados. Os piores resultados foram aqueles do controle que não apresentava nehum produto adicionado.
As condições de favorecimento da instalação de microorganismos desejáveis e sua proliferação por oligossacarídeos são descritos por GIBSON e ROBERFROID (1995) em amplo trabalho com parede celular de plantas e leveduras contendo altas concentrações de mananoligossacarideos.
Baseado nas observações efetuadas neste experimento podemos especular que as condições de favorecimento da instalação de microorganismos desejáveis e a sua proliferação utilizando carboidratos não digestíveis como complexos de glicomanaoproteínas; associado ao fato dos mananoligossacarídeos apresentarem a capacidade de ligarem-se a fímbria das bactérias e inibir a colonização do trato gastro intestinal por patógenos, propiciando uma melhor saúde intestinal , aumentando a area de absorção e consequentemente melhorando o desenpenho das aves.

Conclusão
Considerando-se as condições em que foi realizado o experimento podemos afirmar que:
  1. O uso de mananoligossacarideos ( Bio- Mos ® ) apresentou resultados significativamente superiores ao controle e a utilização de parede celular (Pronady® ) utilizados no experimento.
  2. O uso de promotor de crescimento (antibiótico) , não diferiu do tratamento com mananoligossacarideo, mas foi superior ao tratamento utilizando parede celular.
  3. O uso de parede celular foi que apresentou os piores resultados.

Referências
BRADLEY, G.T, SAVAGE,T.F. ; Enhance utilization of dietary calcium , phosphorus, nitrogen and metabolizable energy in poults feed diet containing a yeast culture. 1994 . Poultry Sci. 73: 124
CRUMPLEN,R. ; D´ AMORE, T.;PANCHAL, C.J.; STWART, C.G. Industrial uses of yeast: Present and future. 1989. Yeast ( special issue) 5: 3-9.
GIBSON, G.R, ROBERFROID, M.B.; Dietary modulation of the human colonic microbiota: introducing the concept of probiotics.1995. J. Nutr. 125: 1401-1412.
MILES,R.D.; JANKY, D.M.; WOODWARD, S.A; HARMS, R.H.; BUTCHER, G.HENRY, P.R Antibiotic effects on broiler performance. Intestinal tract strength and morfology. 1989. University of Florida. Departament of Animal Science.
OYOFO,B.A.; DELOACH,J.R.; CORRIER,D.E.; NORMAN.J.O.; ZIPRIN,R.L.; MOLLENHAUER,H.H. Prevention of Salmonella Thifphimurium colonization of broilers with D-mannose. 1989. Poult.Sci. 68 ; 1357-1360.
SANTIN,E.; MAIORCA, A.; MACARI, M. 2001. Performance and intestinal mucosa development of broiler chickens fed diets containing Sacharomyces cerevisae cell vall.2001. J. Apl.Poult.Res. 10:236-244.
VISEK,W.J. The mode of growth promotion by antibiotics. 1978. J. Animal Sci. 46:1447.
UNESP/FCAV. ESTAT – Sistemas para análises estatísticas. www.fcav.unesp.br. Acesso em 20/02/2002.

Uso de uma combinação de ácido benzóico e óleos essenciais nas dietas de frango de corte

Publicado o: 15/10/2012
Qualificação: 
Autor : Técnico em agricultura e zootecnia Diego Divino dos Santos
RESUMO
O ácido benzóico promove um controle eficiente contra fungos, leveduras e bactérias (como E.coli e Salmonella). Os óleos essenciais podem inibir Clostridium perfringens e estimular a secreção de enzimas digestivas endógenas (como amilase e lipase). Foi conduzido um estudo para avaliar o efeito da combinação de ácido benzoico e alguns óleos essenciais (timol, eugenol e piperina) – um aditivo alimentar conhecido como Crina Poultry Plus® (CPP) – sobre o desempenho de frangos de corte em condições de campo. Um total de 105.670 pintos de 1 dia Cobb-500 foi alocado a dois tratamentos com 5 réplicas (aviários) de aproximadamente 10.600 aves cada em um delineamento inteiramente casualizado. As dietas foram formuladas conforme os padrões da Granja Tres Arroyos Company à base de milho, farelo de soja, soja integral tostada e farinha de carne e ossos. Os dois tratamentos comparados foram: Probiótico (B.subtilis, 500ppm) e CPP (300ppm). Os dados foram analisados com ANOVA e teste de Duncan (erro α =0,10). No final do experimento (47 dias de idade) foi observada uma mudança significativa na mortalidade (26%) no grupo CPP (p≤0.10). O tratamento CPP também mostrou tendência de maior peso (+2,6%) e índice Europeu de eficiência produtiva (+8,9%) do que a dieta com Probiótico (p≤0,15). O consumo de ração e a conversão alimentar também foram numericamente melhores no CCP; entretanto, essas diferenças não foram estatisticamente significantes. Com base nesses resultados, o custo de produção com CPP foi 4% mais baixo (-US$ 0,03/kg de peso vivo) do que o da dieta com probiótico. Como conclusão, a combinação de ácido benzoico com uma mistura de óleos essenciais pode ser usada com sucesso como promotor de crescimento em condições comerciais de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Timol, Eugenol, Piperina, Desempenho animal.

INTRODUÇÃO
O ácido benzoico promove um controle eficiente contra fungos, leveduras e bactérias (como E.coli e Salmonella). Os óleos essenciais podem inibir Clostridium perfringens e estimular a secreção de enzimas digestivas endógenas (como amilase e lipase). Foi conduzido um estudo para avaliar o efeito da combinação de ácido benzoico e óleos essenciais (timol, eugenol e piperina) – aditivo de ração conhecido como Crina Poultry Plus®(CPP) da DSM Nutritional Products (Basiléia, Suíça)– sobre o desempenho de frangos de corte em condições de campo.

MATERIAIS E MÉTODOS
Um total de 105.670 pintos de um dia, machos e fêmeas, Cobb-500 foram alocados a um de dois tratamentos com 5 réplicas (aviários) de ~10.600 aves cada em um delineamento inteiramente casualizado. O período de criação foi de 47 dias na granja San Justo 4, Entre Rios, Argentina. A data de entrada foi dia 05 de agosto de 2011. Foi fornecida ração peletizada ad-libitum. Os tratamentos foram T1: Dieta controle com probiótico e prebiótico comerciais (Probiótico: 500 ppm de 1 a 47 dias, Prebiótico: 400 ppm de 1 a 9 e 500 ppm de 10 a 23 dias) e T2: Crina Poultry Plus® 300 ppm de 1 a 47 dias. Os ingredientes usados nas rações experimentais foram milho, farelo de soja, soja integral tostada e farinha de osso (Tabela 1). As dietas foram formuladas conforme os padrões da Granja Tres Arroyos para obtenção dos melhores resultados zootécnicos. No final do período de criação foram analisados dados de consumo de ração, peso vivo, ganho de peso diário, conversão alimentar, mortalidade acumulada e índice europeu de eficiência produtiva.
Os dados foram analisados com ANOVA onde cada aviário foi designado como uma unidade experimental. A separação das médias foi feita com teste de Duncan (Balzarini et al., 2008). A significância estatística foi considerada com p≤0,10.
Tabela 1. Dietas
Ingredientes (%)
1 – 9 dias
10 – 23 dias
24 – 37 dias
38 – 47 dias
Milho
55,67
58,03
61,26
64,73
Farelo de soja 46%
27,60
16,00
5,80
3,40
Farelo de glúten de milho
5,81
0,50
--
--
Farinha de carne e osso 40-45
4,50
4,45
3,70
3,46
Soja integral tostada
--
3,00
5,80
5,17
Expeller de soja*
3,50
14,00
20,00
20,00
Óleo de soja
0,60
2,10
1,70
1,70
Conchas de ostras
0,46
0,47
0,55
0,40
Sal
0,35
0,15
0,14
0,17
DL-Metionina
0,24
0,24
0,21
0,20
Premix DSM
0,20
0,20
0,16
0,10
Lisina (Biolys)
0,43
0,30
0,32
0,31
Bicarbonato de sódio
0,27
0,18
0,20
0,21
Quelante de toxinas
0,20
0,20
--
--
Colina 60%
0,11
0,10
0,08
0,07
Treonina
0,04
0,06
0,06
0,06
Fitase
0,02
0,02
0,02
0,02
Nutrientes (%)




Proteína
23,65
21,00
18,77
17,70
Lipídios
3,75
7,05
7,91
7,95
Ca
0,98
0,95
0,90
0,88
P disponível
0,48
0,46
0,44
0,42
EMD (kcal/kg)
2920
3085
3170
3200
Lisina
1,35
1,24
1,12
1,06
Met+Cys
1,01
0,89
0,80
0,76
Triptofano
0,24
0,23
0,21
0,19
Treonina
0,90
0,83
0,75
0,72
Arginina
1,55
1,43
1,24
1,15
Lisina Dig.
1,27
1,14
1,02
0,97
Met+Cys Dig
0,94
0,82
0,74
0,70
Treonina Dig
0,78
0,73
0,66
0,63
*soja integral extrusada e parcialmente desengordurada

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho zootécnico estão resumidos na Tabela 2.

Tabela 2. Resultados de desempenho animal aos 47 dias de idade
CR
PV
GPD
CA
Mort
IEEP
Tratamentos
g
g
g/dia
g/g
%

Controle
4916
2534
54.12
1.942
4.69A
266.8
Crina Poultry Plus®
4816
2600
55.46
1.851
3.47B
290.5
Diferença %
-2,03
+2,61
+2,48
-4,69
-26,01
+8,89
CV%
7,0
2,5
2,5
6,9
25,2
8,4
Probabilidade
0,66
0,15
0,16
0,31
0,10
0,15
CR: Consumo de ração; PV: Peso vivo; GPD: Ganho de peso diário; CA: Conversão alimentar; Mort: Mortalidade; IEEP: Índice europeu de eficiência produtiva.
Médias na mesma coluna com letras diferentes são estatisticamente diferentes (p≤0,10).
No final do período de criação (47 dias) a mortalidade foi mais baixa (p≤0,10) quando as aves receberam Crina Poultry Plus® em vez do prebiótico padrão (Controle). Uma diferença de 1,22 pontos percentuais foi observada entre os tratamentos. Por outro lado, as aves suplementadas com Crina Poultry Plus® apresentaram uma tendência (p≤0,15) de aumento no ganho de peso e no índice Europeu de Eficiência Produtiva. Esses resultados confirmam relatos anteriores (Frankic et al., 2009; Frehner et al., 2009). A pequena magnitude na diferença observada entre os tratamentos poderia ser explicada pelo fato de que ambos os produtos (probiótico + prebiótico e Crina Poultry Plus®) foram capazes de controlar o desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas.
Neste estudo, o custo de produção para a ração com Crina Poultry Plus® foi 4% menor (-0,13 AR$/kg peso vivo) quando comparado com o da ração controle.

CONCLUSÕES
Em condições de produção, o probiótico (Controle) e Crina Poultry Plus® apresentaram comportamento semelhante.
O tratamento com Crina Poultry Plus® resultou em menor mortalidade quando comparado com o Controle.

BIBLIOGRAFIA
BALZARINI, M.G., GONZALEZ, L., TABLADA, M., CASANOVES, F., DI RIENZO, J.A. and ROBLEDO, C.W. (2008). Infostat. Manual del Usuario, Editorial Brujas, Córdoba, Argentina.
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