segunda-feira, 24 de junho de 2013

Saiba os riscos dos agrotóxicos à saúde do trabalhador rural, no ES




Equipe de reportagem acompanhou os produtores rurais por três meses.
Flagrantes mostram o uso irregular do produto e os riscos à saúde.

Apesar de existirem leis específicas para regulamentar venda e uso de agrotóxicos, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) reconhece que há falhas na fiscalização. No Espírito Santo, a questão vem se mostrando um problema amplo, passando pela venda irregular dos produtos, pela falta de cuidados do homem do campo na aplicação do agrotóxico, até os riscos à saúde do trabalhador. Durante três meses, uma equipe de reportagem do ESTV 2ª Edição acompanhou a utilização e os efeitos dos agrotóxicos em famílias de produtores rurais, em três regiões do estado. (Veja acima a terceira reportagem da série)
Os agrotóxicos apresentam grande risco à saúde dos trabalhadores rurais, que ficam em contato direto com o veneno, principalmente por não realizarem o procedimento correto de aplicação do produto. Um flagrante em uma lavoura de morango mostrou o veneno exposto no meio da plantação, dentro de uma das caixas em que o fruto é transportado. Outro flagrante: a mangueira usada para a aplicação do veneno estava em contato direto com o solo.
O número de crianças que nascem com o desenvolvimento comprometido em famílias de agricultores é grande. Na Apae de Muniz Freire, região do Caparó no Espírito Santo, são atendidas 170 crianças. Cerca de 80% delas são filhos e filhas de trabalhadores rurais. Segundo a psicóloga Lerina de Souza Vieira, o quadro clínico das crianças é deficiência intelectual leve a moderada. “Temos também casos de síndromes e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.” As crianças recebem atendimento de uma equipe de profissionais, mas não é suficiente para atender a demanda.Por não utilizar os equipamentos de segurança necessários, o homem do campo se expõe aos riscos do produto químico. O contato direto com o veneno pode provocar inúmeros efeitos à saúde humana. Em mulheres grávidas, pode afetar o desenvolvimento do bebê. “Ele pode nascer com alterações cromossômicas sérias”, diz a coordenadora do Toxcen, Sony Itho.
“Todo município que tem uma base agrícola, como o nosso, convive com isso. Ter o agrotóxico presente pode ocasionar algum tipo de deficiência nessas famílias, e a deficiência vai sendo passada de geração para geração”, comenta a assistente social Sandra Delarmelina.
Sony Itho destaca a importância do trabalhador rural manter os cuidados necessários na utilização de agrotóxicos. Isso implica em cuidados tanto com a própria saúde dos produtores, tanto com o meio ambiente e os futuros consumidores do alimento.

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