quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Novo método para o gerenciamento da avicultura.

Publicado o: 01/08/2012
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Autor : Carlos Tadeu Pippi Salle, Adriano Guahyba.
A avicultura tem obtido um desenvolvimento sem precedentes nos últimos 40 anos. Partindo dos "frangos de peito duplo" chegou às atuais linha genéticas. Este crescimento veio acompanhado de imensas transformações nas áreas de nutrição, genética, manejo e sanidade. Tal aporte tecnológico foi avidamente incorporado pelos empresários avícolas promovendo a transformação da "criação de galinhas" no agronegócio avícola dos dias atuais. A avicultura acostumou-se a lidar com ítens como "custo/benefício", "gestão de qualidade ou qualidade total". Nos gabinetes dos diretores, é possível visualizar preceitos modernos de administração como, por exemplo, o ciclo tão aceito do "planejar-fazer-controlar-ajustar". Na estrutura de produção tudo é registrado e guardado. Antigamente, usavam-se as máquinas de escrever e os documentos gerados eram mantidos em arquivos., mas, nos dias de hoje, o computador faz parte das rotinas e os dados são guardados magneticamente. Resumindo, o avicultor saiu do quintal para alcançar as bolsas de valores. Enfim, a avicultura cresceu muito! Cresceu tanto, que preocupou os competidores nacionais e internacionais. Todos os dias ouve-se falar da Organização Mundial de Comércio, em subsídios e em barreiras sanitárias. Estas últimas têm se constituído no meio mais usado para criar dificuldades no comércio internacional. Em um futuro muito próximo, dadas às características continentais do Brasil, as barreiras sanitárias serão empregadas para proteger os interesses da indústria avícola nos diferentes estados da Federação.
Infelizmente, nem tudo são rosas neste segmento da pecuária. A incorporação da tecnologia externa, muitas vezes, foi feita sem uma reflexão mais aprofundada para definir sua adaptação às necessidades locais. Mais ainda, não foi criado o espírito do desenvolvimento científico e tecnológico nas empresas verde-amarelas o que deixou em segundo plano os projetos de cooperação entre as instituições de ensino e pesquisa e as empresas avícolas, com flagrantes prejuízos para o desenvolvimento setorial, isto sem falar na renúncia constante aos recursos oficiais destinados a promover este tipo de integração. Não se deve esquecer que o Brasil dispõe de agências financiadoras do desenvolvimento científico e tecnológico, o Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) por exemplo, que gerenciam recursos da ordem de centenas de milhões de dólares do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), entre outros, do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Nas empresas avícolas, neste caso não só nas brasileiras, mas em todo o mundo, há uma grande quantidade de dados gerados com o intuito de conhecer , e melhorar, a qualidade do produto final. A avicultura demonstrou competência e sempre esteve aberta às inovações, razões que a levaram à posição de destaque que se encontra atualmente. Esta situação invejável deixa-a no compromisso de, constantemente, buscar novas alternativas e patamares de conhecimento. Para tal, é importante diagnosticar os pontos de estrangulamento, ou gargalos, que prejudicam o desempenho produtivo. Um deles, e muito importante, é a infinidade de registros que são gerados dentro das empresas. Tanto aqui como no exterior, estes dados não são adequadamente analisados em sua grande maioria causando, com isto, a falta de critérios que orientariam as decisões empresariais. Ora, sem critérios claros não podem haver decisões firmes e fundamentadas. Na verdade, os registros dos dados da avicultura traduzem, numericamente, os fatos que compõem a história da empresa. Esta história deve ser compreendida para que origine parâmetros que orientarão as decisões dos empresários e profissionais e levem ao êxito do empreendimento pretendido. Quem não gostaria de saber por antecipação, e com probabilidade conhecida, a predição da ocorrência de algum fato relevante na produção ou sanidade dos seus plantéis? Seria interessante conhecer, com segurança, as contribuições que os vários setores de uma companhia têm sobre um produto final? Interessaria ao empresário avícola fazer simulações com as decisões que poderia tomar em uma determinada situação e medir os reflexos que terão na empresa que dirige? Seria bem recebida pelo profissional que trabalha na avicultura a comprovação objetiva, numérica, das medidas que ele proponha ou venha a recomendar? Quem não gostaria de saber, com significância estatística, o grau de eficácia do trabalho realizado? Interessaria ao profissional dispor de programas de monitorização, ou de verificação da qualidade, que lhe gerassem dados que fossem interpretados objetivamente e tivessem sustentação científica? Por outro lado, o pouco conhecimento da história da empresa, ou a análise inadequada dos seus resultados, leva o dirigente a erros, com maior ou menor repercussão, que seriam facilmente evitáveis.
Com o intuito de buscar respostas às perguntas formuladas anteriormente, há quase dez anos professores e pesquisadores do Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária (CDPA) da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vêm trabalhando neste assunto. Já foram elaboradas duas dissertações de mestrado e está em andamento uma tese de doutorado que versa sobre este tema. Recentemente, o grupo do CDPA apresentou seus trabalhos de pesquisa com o enfoque em modelos matemáticos para monitorização sorológica e de micotoxinas, internacionalmente originais, na 4th Asia-Pacific Poultry Health Conference, realizada em novembro de 1998 em Melbourne, Austrália e na 48th Western Poultry Disease Conference, ocorrida em abril de 1999 em Vancouver, Canadá. Estes trabalhos de pesquisa já foram enviados para diferentes lugares do mundo por solicitação dos interessados. As pesquisas mais recentes que utilizam inteligência artificial, e objetivo da tese de doutorado, ainda não foram publicados. Estes últimos avanços obtidos permitem a construção de modelos que aprendem , ou seja, são dinâmicos e sempre atuais, diferenciando-se, neste ponto, dos obtidos através da estatística convencional. Mais ainda, permitem realizar simulações de fatos com a obtenção da predição de resultados esperados. Estas condições são inovadoras na agro-indústria e revestem-se de inegável valor para aqueles que necessitam conhecer, antecipadamente, critérios ou padrões, para orientar ou dar base às decisões.
A pergunta que surge após a apresentação anterior é a quem pode interessar este método? Alguns dos possíveis interessados neste assunto serão:
  • a própria indústria avícola ou outro segmento agro-industrial;
  • bancos que se interessem pelo crédito rural, pois estariam de posse dos modelos de produção da empresa a ser financiada e dos resultados esperados;
  • seguro agrícola, pela mesma razão dos bancos;
  • fundos de investimentos que operem em bolsas de valores pois estariam mais seguros quanto aos riscos do investimento;
  • governo, já que, através deste instrumento, poderá ter conhecimento e controle dos tópicos relacionado com a sanidade e com os parâmetros de produção dos plantéis brasileiros, podendo desencadear ações como a decretação do Brasil como país livre de Doença de Newcastle com vacinação e implementar, ou melhorar, as ações que envolvam crédito rural e seguro agrícola.

Um comentário:

  1. Realmente, assim a avicultura moderna pode melhorar muito, espero que continue assim.

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